
Enéias Carneiro: o melhor presidente que o Brasil não teve
- Lorruan Alves
- 17 de jun.
- 5 min de leitura
Enéas Ferreira Carneiro foi uma personalidade de grande destaque na história política brasileira, conhecido por sua postura firme, discurso contundente e por ser uma das vozes mais expressivas do conservadorismo e do nacionalismo no país. Nascido em 5 de novembro de 1938, em Rio Branco, no Acre, e falecido em 6 de maio de 2007, no Rio de Janeiro, Enéas se destacou não apenas na política, mas também no meio acadêmico e científico, sendo considerado um verdadeiro polímata. Sua formação era vasta: médico cardiologista, físico, professor, escritor e intelectual profundamente engajado nos debates sobre os rumos do Brasil.
No campo político, Enéas fundou, em 1989, o Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA), uma legenda que carregava em seus princípios a defesa do nacionalismo, da soberania, do fortalecimento das Forças Armadas e de valores conservadores. Ele permaneceu filiado ao PRONA durante toda a existência do partido, liderando-o até 2006, quando a legenda se fundiu com o então Partido Liberal (PL), dando origem ao Partido da República (PR), que mais tarde voltaria a se chamar Partido Liberal. Foi nesse novo partido que Enéas permaneceu até seu falecimento.

Sua trajetória política foi marcada pela defesa incansável da independência econômica do Brasil, pela crítica aos modelos de dependência externa e pela proposta de um Estado forte e tecnicamente eficiente. Enéas acreditava que o desenvolvimento nacional só seria possível por meio do investimento maciço em ciência, tecnologia, educação de qualidade e infraestrutura, além de uma política externa soberana e autônoma.
Quando era jovem, Enéias chegou a se aproximar das ideias socialistas, especialmente após ter contato com os escritos de Friedrich Engels, que o levaram a se encantar, por um período, com o modelo soviético durante a Guerra Fria. De acordo com ele — "o assunto do ponto de vista teórico é lindíssimo, na prática, infelizmente não funcionou" —, por isso, ao refletir sobre os impactos da estatização dos meios de produção, passou a rejeitar tal modelo, por entender que, na ausência de concorrência, a sociedade tende à estagnação após a satisfação de suas necessidades essenciais, como moradia, perdendo, assim, seu dinamismo e capacidade de progresso.
Enéias Carneiro também fazia críticas incisivas sobre os conceitos de esquerda e direita, preferindo não se rotular com nenhum espectro, tendo como sua única ideologia o nacionalismo, colocando sua própria pátria acima de quaisquer interesses próprios. Enéias realizava críticas construtivas sobre a democracia brasileira, segundo ele esses conceitos são obsoletos e ultrapassados, na fala dele ele diz: "jamais aceitei o elitismo da direita e nem a desordem da esquerda, nem a falsa democracia." Sendo assim, Enéias encarava o elitismo como a principal barreira para alcançar a verdadeira democracia, que o Estado serve apenas aos poderosos e o povo sempre é o enganado. Embora optando por não se classificar como direita, a continuidade do legado do PRONA está no Partido Liberal que levanta a bandeira do nacionalismo, armamentismo, conservadorismo, discurso contra o sistema político tradicional, defesa da ordem e da moralização da política.

Seu projeto nacional, infelizmente, não colocado em prática, apresentavam ideias inovadoras e concisas. O projeto nacional defendido por Enéias tinha como base a construção de um Brasil soberano, autossuficiente e capaz de conduzir seu próprio desenvolvimento de forma independente. Entre os pilares centrais de sua proposta, destacava-se o fortalecimento do Estado em setores considerados estratégicos, como energia, mineração, petróleo, infraestrutura e tecnologia. Para Enéias, era fundamental que esses setores permanecessem sob controle nacional, a fim de garantir a segurança e a soberania do país. A defesa da ciência e da tecnologia ocupava lugar central em sua visão de nação. Enéias entendia que o desenvolvimento científico era essencial para que o Brasil superasse suas limitações estruturais e alcançasse um patamar de protagonismo no cenário internacional. Por isso, priorizava investimentos expressivos na formação de profissionais qualificados, na modernização da indústria e na produção de tecnologia própria, com ênfase no domínio da energia nuclear, tanto para fins civis quanto para assegurar a autonomia na área de defesa. Outro aspecto muito importante de seu projeto era a valorização das Forças Armadas, que, segundo sua perspectiva, deveriam estar plenamente preparadas e bem equipadas, não apenas para a defesa do território, mas também como instrumento de proteção da soberania nacional frente a eventuais ameaças externas. Na educação, Enéias defendia uma reforma estrutural, capaz de formar cidadãos preparados tecnicamente, cientificamente e culturalmente, considerando que o avanço educacional seria o alicerce para sustentar o desenvolvimento econômico, tecnológico e social do país.
Enéas Carneiro foi, sem dúvidas, uma das mentes mais brilhantes e visionárias que o Brasil já teve. Seu projeto nacional, pautado na soberania, no desenvolvimento científico, na autonomia econômica e na defesa incondicional dos interesses do povo brasileiro, representava uma verdadeira chance de transformar o país. Se suas propostas tivessem sido levadas a sério, o Brasil hoje não estaria submisso às forças estrangeiras, dependente tecnologicamente, economicamente e politicamente de potências que jamais desejaram nosso progresso. Nossa democracia, cada vez mais frágil, corroída por interesses externos e internos, reflete justamente o oposto daquilo que Enéas defendia: uma nação forte, soberana, independente e dona do seu próprio destino. Seu legado permanece como um grito de alerta e uma lembrança de que ainda é possível reconstruir o Brasil, retomando os ideais de soberania e autodeterminação que ele tanto pregou.

A trajetória eleitoral de Enéias Carneiro evidencia um crescimento expressivo de sua influência política ao longo dos anos. Após obter cerca de 360 mil votos em sua primeira candidatura a presidência da república, alcançou a impressionante marca de 4,6 milhões de votos na eleição seguinte, ocupando o 3° lugar. Esse avanço foi, em grande medida, decorrente do aumento de seu tempo de exposição na televisão, recurso que ele próprio considerava determinante. Não por acaso, Enéias costumava afirmar que, se dispusesse de um tempo de TV ainda maior, “passaria por cima de todos os candidatos como um trator”. Posteriormente, consolidou sua popularidade ao ser eleito deputado federal com 1,5 milhão de votos, tornando-se, à época, o deputado mais votado da história do Brasil — recorde que permaneceu por muitos anos, sendo superado apenas mais recentemente por Eduardo Bolsonaro com 1,7 milhões de votos.
Enéias Carneiro faleceu em 6 de maio de 2007, aos 68 anos, vítima de leucemia mieloide aguda, um tipo agressivo de câncer. Sua morte representou o fim de uma trajetória política marcada pela singularidade, pelo discurso firme, nacionalista e pela defesa incansável de um projeto de Brasil soberano, tecnicamente desenvolvido e autossuficiente. Até seus últimos dias, manteve-se fiel às suas convicções, atuando como deputado federal e defendendo suas pautas com a mesma intensidade que o caracterizou desde sua entrada na política. Sua morte deixou uma lacuna na política brasileira, a ausência de uma frente verdadeiramente nacionalista, que tivesse uma postura de proteção do que é nacional e combater as influências estrangeiras. Os resquícios de seu partido, o antigo PRONA se refugiou no movimento de direita, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, em tempos passados, os dois exerciam uma cadeira no Congresso Nacional e convergiam entre si em vários aspectos, havendo sempre um diálogo amigável, principalmente em pautas conservadoras que os uniam.
Portanto, é notório que Enéias Carneiro foi muito mais do que um candidato excêntrico, como muitas vezes foi tratado pela grande mídia. Representou, na verdade, a personificação de um projeto de país que, para muitos, ainda permanece como uma utopia necessária. Seu legado ultrapassa as fronteiras da política partidária e permanece vivo no imaginário popular como o retrato de um herói nacional que, embora nunca tenha alcançado a presidência, continua sendo, para milhares de brasileiros, o melhor presidente que o Brasil não teve.
"Essa imprensa podre, que defende interresses escusos e anti-nacionais, chamou-me de facista porque eu luto a favor de minha pátria, porque eu defendo a ordem, a disciplina, o respeito aos símbolos nacionais, as forças armadas e os valores cristãos que são universais, enfim, porque eu defendo tudo aquilo que a humanidade levou milênios para construir e que eles tentam agora, desesperadamente destruir, é por isso que a imprensa me ataca, porque tem medo da verdade." — Enéias Carneiro.
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